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A multinacional Rhodia, indústria pioneira na fabricação de fibras sintéticas para vestuário, através de seus executivos decidiu formar um supergrupo musical que se responsabilizasse pela sonorização dos desfiles que a empresa promoveria, com exibição televisiva em horário nobre.
Livio Rangan, nascido em Trieste, que chegou ao Brasil em 1953, era jornalista de profissão, começou na publicidade ao pedir o patrocínio da Rhodia para um espetáculo de balé, e foi contratado para dirigir o departamento de marketing da companhia, foi o responsável por recrutar os músicos para o evento, os escolhidos eram de orientações tão diversas, como o bruxo dos mil instrumentos Hermeto Pascoal (flauta), o pós-tropicalista Lanny Gordin (guitarra), o bossanovista Cido Bianchi (piano), Olmir ”Alemão” Stocker (violão e guitarra), Nilson da Matta (contrabaixista de jazz), contando ainda Douglas de Oliveira (bateria), João Carlos Pegoraro (vibrafone) e, Carlos Alberto de Alcântara Pereira (sax e flauta).
A missão do grupo O Brazilian Octopus era executar ao vivo a trilha sonora do Momento 68, o mais ambicioso dos espetáculos institucionais da Rhodia produzidos até então no país, que pretendia associar a Rhodia com o futuro que já havia chegado. Com direção musical do maestro Rogério Duprat e direção cênica de Ademar Guerra, esse show-desfile tinha os atores Raul Cortês e Walmor Chagas encabeçando o elenco, ao lado dos cantores Gilberto Gil, Caetano Veloso, Eliana Pitman e do bailarino Lennie Dale. Os textos eram assinados por Millôr Fernandes. “Eu me fantasiei de leão várias vezes naqueles desfiles da Rhodia. O grupo todo se vestia de bicho e tocava dentro de uma jaula”, lembra Hermeto.
“A única vez que a Rhodia tem algum tipo de dificuldade com relação à ditadura foi no desfile Momento 68, no qual vários elementos que compuseram a temática do desfile eram inspirados nos movimentos da cultura jovem internacional, em pleno momento de engajamento e questionamento dos valores tradicionais. Dessa maneira, o governo os considerava como ‘subversivos’. O desfile não chegou a ser censurado propriamente, mas foi vigiado com mais atenção.” (Gal Costa)
Esse encontro inusitado aconteceu mesmo, mais exatamente em 1968. O grupo só existiu durante um ano e deixou apenas um álbum como registro de sua passagem pelo cenário musical – intitulado Brazilian Octopus, e marca um capítulo pouco conhecido da história da nossa música instrumental.
“Sem dúvida, o grupo mais estranho surgido na música brasileira”, comenta Marcelo Dolabela, em seu dicionário ABZ do Rock Brasileiro (ed. Estrela do Sul, 1987).
Com músicos tão versáteis, não foi tarefa difícil. A gravação do álbum aconteceu a partir dos encontros e ensaios dos oito integrantes. O LP foi lançado pela Fermata em 1969, trazendo 12 temas instrumentais, com vários destaques.
Texto retirado do blog | Harmonia Sangreal
1969 | BRAZILIAN OCTOPUS
01. Gamboa
02. Rhodosando
03. Canção Latina
04. Pavane
05. As Borboletas
06. Momento B/8
07. Summerhill
08. Gosto De Ser Como Sou
09. Chayê
10. Canção De Fim De Tarde
11. O Pássaro
12. Casa Forte